O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) ingressou na Justiça com pedido de bloqueio de bens do influenciador Hytalo Santos e do marido dele, Israel Nata Vicente, no valor de até R$ 20 milhões. A medida cautelar inclui veículos de luxo, empresas e valores financeiros, e busca assegurar o pagamento de eventual indenização por dano moral coletivo, além de garantir medidas de reparação e assistência às vítimas.
Segundo o MPT, o bloqueio se faz necessário diante de indícios de ocultação de patrimônio, movimentações financeiras atípicas e manobras para blindagem de bens. O pedido foi protocolado às 20h21 da última segunda-feira (18).
O influenciador e o companheiro foram presos na última sexta-feira (15), em São Paulo, em cumprimento de mandados expedidos pela Justiça da Paraíba. A operação contou com atuação conjunta do MPT-PB, do Ministério Público Estadual (MPPB), do GAECO, das Polícias Civis da Paraíba e de São Paulo e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Denúncia inicial e investigação
A investigação começou a partir de uma denúncia anônima feita em dezembro de 2024, apontando possível exploração de trabalho infantil nas redes sociais de Hytalo Santos.
O procurador do Trabalho Flávio Gondim, responsável pelo inquérito que já ultrapassa 2 mil páginas, afirmou que foram ouvidas mais de 15 testemunhas e analisados mais de 50 vídeos. Segundo ele, na residência do influenciador funcionava uma espécie de “reality show” com produção ininterrupta de conteúdo para as redes sociais, com clara monetização.
“É inquestionável a existência de uma relação de trabalho. Constatamos afastamento escolar de adolescentes por longos períodos e tentativa de naturalizar uma rotina de exploração. O caso envolve trabalho infantil, erotização, exploração sexual e até indícios de tráfico de pessoas, diante de aliciamento, deslocamento e alojamento de jovens em situação de vulnerabilidade”, afirmou Gondim.
Além do procedimento principal, o MPT-PB abriu duas novas investigações contra o influenciador, após depoimentos de testemunhas revelarem outros ilícitos trabalhistas:
- Assédio sexual contra funcionários;
- Assédio moral, maus-tratos e violência física contra trabalhadores.
Esses inquéritos não envolvem crianças e adolescentes, mas pessoas que prestaram serviços a Hytalo Santos.
O influenciador também é investigado por suposta ligação entre a exposição de menores e a divulgação da empresa “Fartura de Prêmios”, da qual ele seria o principal divulgador. Em 11 de agosto, o MPT, o MPPB e a Polícia Civil expediram recomendação conjunta para que a Lotep suspendesse a autorização de funcionamento da empresa.
A recomendação destacou que Hytalo usava a audiência conquistada com a exposição de crianças e adolescentes para impulsionar a venda de rifas e sorteios.
ASCOM MPT-PB / Seuleo.com